Estava ontem a desfrutar dos benefícios de morar perto daquele lago gigante que une os povos, o mar, e dei por mim a pensar que, tal como quase toda as pessoas que se habituaram a conviver com aquele cheiro a sal a colar-se na pele, também eu via o mar como uma espécie de conselheiro, de porto de abrigo. E, como normalmente nos lembramos dos portos de abrigo quando passamos por um dia ou uma fase menos boa, era nessas alturas que me socorria daquela imensidão de água, para tentar que as mágoas fossem nas ondas, e que essas mesmas ondas trouxessem novas esperanças, no caminho de regresso.
E eis que chego à conclusão que os líquidos devem ser uma forma que o humano arranjou para se iludir, acreditando talvez na efervescência dos seus males. O liquido do mar, o liquido de um duche reconfortante, o liquido de 1 (ou 2 ou 3) copos de vinho, o liquido de 1 (ou 2 ou 3) lágrimas...