Foi ontem a comemoração do dia 25 de Abril, dia em que, há 33 anos atrás, saímos da ditadura rumo à democracia... E desde já o meu muito obrigado a todos os que sofreram e lutaram para que eu, 9 anos mais tarde, já tivesse nascido sob o sol da liberdade de Abril.
Mas a verdade é que continuamos rumo à democracia (Demo=povo+Cracia=poder), porque no fundo o povo não sabe ter o poder. Infelizmente, não há a cada esquina um amigo e em cada rosto um irmão. E de cada vez que um de nós se apercebe disso, acha-se no direito, e até no dever, de se tornar igual a todos os outros: desonesto, corrupto, injusto, sem escrúpulos... Porque se são todos assim, e é assim que se safam, porque é que eu não hei-de ser também? E por cada um que se torna mais um, a democracia cede, a liberdade desvanece.
Hoje entristece-me ser portuguesa. Olho para esta realidade tão corrupta, tão injusta, tão sem carácter, e a minha liberdade também desvanece. Porquê? Porque é cada vez mais difícil manter a cabeça erguida, é cada vez mais duro ser-se verdadeiro e honesto consigo e com os outros; porque essa é a minha liberdade, a liberdade de ter a consciência tranquila naquilo que sou e naquilo que faço. Qualquer outra liberdade, para mim, não passa de ilusão.
E às vezes, à minha liberdade chamam-lhe sonho, inocência, imaturidade... Então o que é a liberdade afinal?