Foi ontem a comemoração do dia 25 de Abril, dia em que, há 33 anos atrás, saímos da ditadura rumo à democracia... E desde já o meu muito obrigado a todos os que sofreram e lutaram para que eu, 9 anos mais tarde, já tivesse nascido sob o sol da liberdade de Abril.
Mas a verdade é que continuamos rumo à democracia (Demo=povo+Cracia=poder), porque no fundo o povo não sabe ter o poder. Infelizmente, não há a cada esquina um amigo e em cada rosto um irmão. E de cada vez que um de nós se apercebe disso, acha-se no direito, e até no dever, de se tornar igual a todos os outros: desonesto, corrupto, injusto, sem escrúpulos... Porque se são todos assim, e é assim que se safam, porque é que eu não hei-de ser também? E por cada um que se torna mais um, a democracia cede, a liberdade desvanece.
Hoje entristece-me ser portuguesa. Olho para esta realidade tão corrupta, tão injusta, tão sem carácter, e a minha liberdade também desvanece. Porquê? Porque é cada vez mais difícil manter a cabeça erguida, é cada vez mais duro ser-se verdadeiro e honesto consigo e com os outros; porque essa é a minha liberdade, a liberdade de ter a consciência tranquila naquilo que sou e naquilo que faço. Qualquer outra liberdade, para mim, não passa de ilusão.
E às vezes, à minha liberdade chamam-lhe sonho, inocência, imaturidade... Então o que é a liberdade afinal?
E porque este assunto do nacionalismo e do fascismo é do mais fashion que anda por aí, li hoje uma crónica tão óbvia (pela constatação), como interessante. Diz Nuno Pacheco, no Público de hoje, a propósito das apreensões "nacionalistas": ""Primeiro os portugueses, alternativa nacionalista" lia-se numa das tarjas. E o comum dos mortais pensaria logo nas imagens do lado:Afonso Henriques, Dom Nuno, Dona Brites, padeira de Aljubarrota, Marim Moniz, o das fatídicas portas, quiçá Salazar em imagem pré 3ª idade e talvez mesmo a senhora de Fátima com ou sem pastorinhos. Puro engano. (...) Na restante parafernália, nem um mísero traço do revanchismo lusitano ou a ele aparentado. Havia, isso sim, além das armas que servem para matar em qualquer língua, vários livros sobre Hitler, um sobre Gestapo, outra sobre "cultos secretos arianos e a sua influência na ideologia nazi" (...) E muitas t-shirts, com slogans babélicos, uma das quais dedicada às Waffen SS (...) Resumindo: os nossos nacionalistas compraram o mapa errado, equivocaram-se de nação e incorrem em gravíssimo erro geográfico. Com tais Slogans, o lugar das suas cruzadas é numa Alemanha que felizmente já não existe."
Pois...
E que dizer das "bombásticas" (porque parece que nas últimas semanas todas as conferências de impressa prometiam declarações bombásticas, que depois não passavam de bombinhas de mau cheiro) do líder do PNR: Dizia ele, do pouco que me recordo, que no seu partido todos eram bem-vindos, tivessem cabeça rapada, ou uma longa cabeleira, desde amassem Portugal. Então e se tiverem carapinha e aquele sotaque "criolês", também bastava dizer "Eu amo Portugal"?
Há algum tempo atrás fiz uma pequena abordagem ao mundo dos blogs, em meu nome próprio, mas não fui gostando do desenrolar do projecto, e como tal acabei por matá-lo ainda na fase de gestação. Poderá então chamar-se aborto, e ainda na vigência da antiga lei.
Entretanto fui escrevendo algumas coisas em blogs partilhados, mas que também nunca chegaram a passar do meio gás.
E agora, que disponho de cerca de 24 horas por dia livres, e com uma actualidade tão repleta de assuntos sobre os quais apetece mesmo mandar um pitafe, aqui estou eu de volta, a um espaço para desopilar um bocadinho e escrever sobre aquilo que me apoquenta muito, pouco ou nada.
Bem-vindos os que vierem por bem, mesmo que enganados.