Segunda-feira, 29 de Outubro de 2007
Há situações complicadas, dificeis de gerir, situações que por serem tão insólitas parecem quase irreais, daquelas que nos habituámos a ver nas novelas mexicanas da TVI, que acarretam muitas pessoas, muitos sentimentos, e acima de tudo muito passado. Diz o meu bom senso que devo fazer tudo para as tentar ultrapassar de forma mais justa e com menos danos colaterais, porque desses já há muitos. Mas não pode ser só um, temos que ser todos a andar para o mesmo lado. Quando assim não é uma, duas, três vezes... a tontinha também se farta. E depois pronto...
FIM
Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007
"Nestas coisas do amor, vamos todos adolescendo" Sérgio Godinho
Terça-feira, 23 de Outubro de 2007
Quando nos enchem com entretenimento sem um bocadinho sequer de qualidade e a inércia se apodera de nós ao ponto de impedir um simples carregar nos botões em busca de algo melhor na caixinha mágica, há que dar a volta à situação e tentar transformar um acto do mais dissimulado ócio, num exercício intelectual.
Foi exactamente o que acabei de fazer, ao assistir a alguns minutos do programa "A ganhar é que a gente se entende" com Fernando Rocha aos comandos.
E eis que me deparo com uma sensacional metáfora.
Passo a explicar: há o público, com uns números coloridos ao peito; e há telespectadores que, confortavelmente em suas casas, telefonam. E assim que o apresentador pergunta o nome da pessoa que está ao telefone, o público diz a frase tão caracterísitica dos grupos de auto ajuda: Olá Alfredo! (chamemos-lhe assim). Então o Alfredo começa a sua hegemonia.
E agora sim, vem o poder metafórico deste concurso. Pois diz que Alfredo começa por escolher alguém do público, à sua vontade. Chamemos-lhe Dora. Então, Dora desce as escadinhas e leva com alguns pozinhos na cara, por causa da relação conflituosa entre o sebo da pele facial e as câmaras; depois, ainda leva com um adereço que tem como condição obrigatória ser ridículo. O que vi hoje era uma crista de galinha! Alfredo, que até pode estar recostado na sua chaise long, a ser masagado nos pés enquanto saboreia um fantástico cooktail de frutos, vai escolhendo números ou dando instruções para Dora executar. Por exemplo, escolher que Dora vai ter que pôr a boca em farinha, mel e açúcar, de forma a retirar de lá 3 ovos que podem conter diferentes quantias de dinheiro, ou mesmo não conter dinheiro nenhum. E é também Alfredo que decide qual a percentagem que Dora deve receber do montante que resultar do jogo. Das poucas vezes que vi o programa, nunca passou dos 35%. Hoje foram 30%.
Ou seja, repare-se em como isto se assemelha à realidade: temos alguém, confortavelmente a dar ordens e a decidir qual a recompensa para o cumprimento dessas ordens, recompensa essa que é sempre bem menos de metade do lucro.
E depois temos outro alguém que:
se desloca até ao estúdio;
tem que dizer melodicamente Olá Alfredo;
espera que lhe calhe a sorte de ser escolhido;
leva com base na cara;
põe uma crista de galhinha;
atura o Fernando Rocha ainda mais de perto;
enfia a fronha em mel, farinha e açúcar;
tira ovos de plástico com os dentes...
e espera que o generoso Alfredo lhe dê 150€, dos 500 que acabou de ganhar!
Life is not fair... and, unfortunatly, I'm not Alfredo!
Sábado, 20 de Outubro de 2007
Depois de 2 meses e meio imune ao que corre dentro de um hospital (sobre o qual escrevi o post monstros de branco) eis-me regressada ao lado dos que jogam o dado, perante o infortúnio da doença, na esperança que a sorte não os tenham abandonado por completo. E por vezes avança-se até à temida casa negra... tem que sair do jogo!
E mais uma vida se perde. Apuram-se responsabilidades, na esperança que, já que a sorte se despediu, ao menos a justiça ainda permaneça perto de nós.
Mas a justiça é cega...
Se ao menos lhe valessem os ouvidos...
O diagnóstico foi tardio: a autópsia determinou arterioesclerose. O colega legista conseguiu decifrar o enigma que os colegas cardiologistas não tinham conseguido, após alguns dias de exames, antes de mandarem a paciente para casa, sem qualquer tipo de medicação ou recomendação.
Não conhecia quem repousava naquele caixão. Fui por afinidade. E mesmo assim o som das palavras traz cada vez mais revolta para com um país que permite a morte gratuita dos seus cidadãos sem qualquer tipo de peso na consciência... os meus sentimentos.
Quinta-feira, 18 de Outubro de 2007
Porque é uma grande mulher e uma excelente terapeuta ocupacional. E porque felizmente foi reconhecida por isso mesmo e ganhou o seu lugar ao sol no mundo do trabalho.
Mais um motivo de orgulho, entre tantos e tantos outros, em ser tua amiga desde os 6 anos de idade!
Felizmente, com o estatuto de pertencente ao quadro do CMR, teremos que picar os miolos no sentido do matrimónio!
E assim cresce quem no outro dia jogava ao elástico no recreio da primária.
:)
Foi muito bom e importante para mim trabalhar na ALERT. Aquilo que aprendi, a imunidade ao ambiente de urgências, o contacto com os profissionais de saúde, viajar pelo país, ter estado numa empresa em crescimento e expansão.... E sobretudo os bons colegas com quem me cruzei e com quem gostaria de me voltar a cruzar, especialmente as do primeiro dia: Cristina, Evelyne e Sofia; e as que chegaram um bocadinho depois: Margarida, Silvia, Sónia e Arine.
*
Já passou tempo suficiente para prefazer quase um mês desde a última vez que por aqui estive. Entretanto a mana regressou ao centro sul... Afinal, de Bragança a Lisboa são nove horas de distância!
E eu regressei ao Algarve do céu cor de mar (de vez em quando).
Mais uma mudança de vida, para quem ainda não vive satisfeita. O que importa é estar sempre a tempo de mudar.
Dizia eu, algures no processo de decisão sobre se haveria de mudar de emprego ou não, que pior do que tirar um curso sem saída, é perceber que se gosta irremediavelmente desse curso... e pior do que tirar um curso que não tem saída e perceber que se gosta irremediavelmente desse curso, é concluir que a minha realização depederá sempre do meu trabalho e que, pelo menos neste momento da minha vida, não pondero sequer a hipótese de desistir de ser psicóloga.
E foi por isso que a minha vida mudou, quando nem sequer estava à espera que tal acontecesse. Contuinuaria no meu anterior trabalho, de hospital em hospital, a fazer algo em que acreditava muito pouco, até aparecer alguma coisa melhor. E eis que surgiu um telefonema, uma entrevista e um convite. Não, ainda não sou psicóloga; sim, ganho menos de metade do que o ganhava anteriormente; sim, custa-me compactuar com um sistema que insiste tanto em qualificação, mas que na prática não consegue encaixar essa almejada qualificação na sua cultura de ignorância... mas a verdade é que não há nada que compense o facto de estar próxima do que mais gosto, e sentir que tenho um papel nesta associação e que o meu trabalho tem valor e é reconhecido.
Tempos houve em que tinha muito pouco orgulho em mim, acreditava muito pouco nas minhas capacidades e achava-me uma verdadeira "maria vai com as outras", sem personalidade, como se diz quando somos adolescentes... Ainda há em mim muitas reminiscências desse tempo e continuo a ser muito exigente comigo, e a remoer vezes sem conta os meus fracassos... Mas hoje tenho um imenso orgulho no meu curto percurso porque, especialmente neste último ano, aprendi que sei lutar, que por mais que me culpe pelas metas não cumpridas, tenho muitos sucessos com os quais me confortar e agora estou a aprender a ter mais calma, porque os quilómetros de sonhos que tenho, não têm que se esgotar por não terem sido realizados ontem, ou hoje, ou amanhã.
É tempo de caminhar devagar, escolher de uma vez por todas quem realmente vale a pena, continuar a abrir portas, janelas, gateiras... E viver muito, porque eu gosto tanto de viver!