Segunda-feira, 30 de Junho de 2008
Évora, minha querida e doce Évora... acabou-se a angústia de te revisitar como parte de um pretérito prefeito. Assistir à imutabilidade dos teus espaços, ao ferver do sol nas paredes brancas, à sonoridade do teu magnífico sotaque, tocar quem ainda cá guardas... calcar-te voltou a ser um prazer!
Évora, que tanto me mimaste, hoje sou eu a querer pegar-te ao colo, fazer-te festas, embalar-te e adormecer-te no meu regaço, para depois, pequenina e frágil, te colocar de volta dentro de mim, e levar-te para sempre...
...até ao meu regresso.
Domingo, 15 de Junho de 2008
Se há coisa que eu gosto é de uma boa história contada na primeira pessoa, daquelas que figurarão certamente no livro de crónicas para contar às gerações vindouras, e que no fim acabam sempre com a típica frase "isto só a mim!". Felizmente tenho tido uma existência rica em histórias "isto só a mim" que servem para divertir amigos e familiares, e sobretudo para me divertir a mim (porque rir de nós é sem dúvida um dos mais saudáveis mecanismos de defesa).
Mas passemos ao que realmente importa.
Véspera do dia de Portugal, à noite; carro na reserva há já alguns dias, como habitualmente; necessidade de ir até à Guia comprar uma prenda; ir à bomba de gasolina e pedir ao vizinho Manel João que me pusesse 20€ de gasóleo. Até aqui tudo bem. O vizinho lá colocou o combustível, mas em vez de 20, foram 15€ (estranho); a agulha do combustível não se moveu (muito estranho); mas eu, ingénua, ainda confio mais nas pessoas do que nas máquinas, e pensei "ah, avariou o ponteiro mesmo agora".
Ponho-me a caminho da Guia, compro a prenda, e regresso... até ao último soluço do carro, entre a saída de Faro aeroporto e S. Brás/Estoi. Visto o coletinho, ligo os 4 piscas e ponho o triângulo. Entretanto, telefonema à mamã, que sabiamente me aconselha a ligar para a assistência em viagem. E quando vou tentar estabelecer ligação... não há bateria.
Era mais ou menos meia noite, e lá estava eu, fluorescente, em plena A22, sozinha e sem forma de contactar com o mundo.
Tentei alguns acenos, mãos no ar, saltinhos, cara de desespero... e finalmente um simpático casal parou e deixou-me, enfim, telefonar para a companhia de seguros.
Reboque?! Não há reboque por causa da greve, disse o senhor com um voz serena. Mas podemos enviar um taxi para ir buscá-la e depois tenta arranjar forma de tirar daí o carro. Seja! pois se não há alternativa... Agradeço as vezes que consegui, naquele curto espaço de tempo, ao casal e tranco-me no carro à espera do taxi.
Passaram aí uns 15 minutos e nada de taxi. Mas eis que, no breu, surge um carro da GNR com as luzes azulinhas acessas e param em frente à minha viatura. Bem haja foi a minha primeira expressão.
E de repente lá estava eu, dentro do jipe do corpo de intervenção da GNR, sentada em cima de uma bazuca, a dar instruções aos dois rapazes jeitosos, que tinham vindo de Lisboa por causa da greve dos camionistas, para chegarem aos Barrabés e me deixarem precisamente à porta de casa. O caminho foi algo surreal, comigo a dizer coisas ainda mais estúpidas que o normal, devido ao nervoso, e os senhores Guardas a explicarem-me que eram do bate e foge, ou seja, do corpo de intervenção da GNR, a perguntarem-me se eu não queria que eles ligassem as sirenes e as luzes quando me deixassem em casa, a recomendarem-me vivamente que não falasse nunca mais mal da Guarda... Fui escoltada até casa :) Esta já ninguém me tira!
E tudo isto porque o vizinho Manel João confundiu-se todo e não me pôs rigorosamente gasóleo nenhum no carro! Moral da história: nunca confiar mais nas pessoas do que nas máquinas, especialmente se se tratar de combustíveis!
...a menos que estejam dispostos a arriscar uma história "isto só a mim"!
:) O meu sentido reconhecimento àqueles dois senhores do bate e foge!
Quinta-feira, 12 de Junho de 2008
Bem sei que a greve dos camionistas se finou durante a passada noite...
E por isso tenho aqui uma forte crítica a fazer: porque raio ninguém se lembrou de aproveitar estes dias para bater mais um recorde do guiness?!
Poderíamos manter a tónica nos recordes baseados na gastronomia, tirando partido das centenas de camiões carregados de bens alimentares, e fazer assim vá, a maior patuscada em parques de estacionamento, do mundo.
Mas também poderiámos inovar um bocadinho e fazer por exemplo, a maior concentração de pessoas com coletes fluorescentes e figurar uma vez mais no precioso livro.
Perderam-se grandes oportunidades... É pena!
Domingo, 1 de Junho de 2008
Faz hoje 4 anos...
E eu tenho tantas saudades, mas tantas, que chega a doer...
Ao meu avô, a nossa lengalenga
o piolho está cisudo
a pulga entra a saltar
o carrapato é para chupar
a cigarra é cantadeira
e a maldita da formiga que rouba o trigo da eira
a vespa é escalheira, faz uma grande escalhada
a abelha é asseada, põe o mel e põe a cera e é um bichinho sagrado
o lacrau é malvado, dá um grande picadela
depois vem a arvela comer a minhoquinha
e a seguir a andorinha, anunciar a Primavera
Só queria ter-te cá, para se um dia me esquecer que é a terra que anda em volta do sol, poder pegar em duas laranjas da tua laranjeira e pedir-te para me explicares tudo de novo...
Há algum tempo que penso na questão das campanhas de prevenção do cancro da mama. Isto atrasado, mas a propósito da corrida da mulher que se realizou este ano a 25 de Maio, na linha. Uma vez mais, se está a cometer um grave erro ao nível deste tipo de campanhas, que exclui compulsivamente os homens da problemática em causa.
Desenvolvem-se inúmeras acções a cor-de-rosa, negligenciando dois factores de suma importância: primeiro, o cancro da mama não é uma patologia exclusivamente feminina, sendo que a sua prevalência em homens tende a aumentar; e segundo, os homens têm um papel fundamental na detecção de qualquer anomalia no peito da mulher, como parece fácil compreender.
Assim, dificil de perceber é o sucessivo descomprometimento do papel masculino na sensibilização, prevenção e diagnóstico precoce desta doença.