...o meu voto de boas festas! A noite de Natal já acabou, mas o dia ainda está a começar. Penso então ainda vir a tempo de desejar um excente dia de Natal para todos os que cá passarem.
*
Hoje, como em tanto dias de Natal, acordei com as galinhas. Eram 7h e qualquer coisa. No entanto, não houve o bonito propósito de vir rasgar embrulhos, silenciosamente deixados pelo pai natal, como em tempos que já lá vão. A razão tem o nome técnico de "ressaca natalícia". Sim, o vinho de ontem era bom e escorregava que nem ginjas. E, verdade seja dita, alguém tinha que fazer a festa!
Falta tanta gente no meu Natal, que uma mesa foi quase suficiente para acolher todos os que se juntaram para comer iguaria típicas como camarões tigre fritos, como só o meu pai sabe fazer, corvina no forno e carne de porco frita com ameijoas. Os que nunca mais voltarão a estar no meu Natal deixam saudades e aqueles que estão noutras paragens, ouvimos-lhe a voz para acalmar a distância e aconchegar um bocadinho o coração. Mas não se pode viver do que não temos connosco ou do passado que não voltará nunca a repetir-se, por mais que o Natal seja tão propício a nostalgias.
O que importa é que ontem a minha mesa teve cheia da melhor família do mundo. E interessa ainda mais perceber que nos divertimos muito quando nos juntamos, e então quando a coisa é regada de sangue de Cristo, aquilo funciona ainda melhor. E hoje sinto o coração muito mais cheio do que o estômago, o que por estas alturas é de valor! :)
Viva o Natal, viva os camarões, viva a garrafinha de Comenda, viva o Karaoke, e hoje, viva o litro e meio de águinha, da boa!
O desespero apodera-se... balde de roupa para passar a ferro e a companhia acaba por, inevitavelmente, passar pela televisão. Volta a angústia dos 4 canais:
RTP 1: Futebol... nops, siga.
RTP 2 programa sobre jovens adultos e a forma como gastam o seu dinheiro e orientam a sua vida económica. Tem um potencial interessante, mas não me apetece. Farta de saber o que é ser jovem adulto, estou eu!
SIC: Herman, vestido com lantejolas num deplorável espectáculo circense que não interessa a ninguém, mas que todos os anos acham muita graça em repetir.
E eis o canal, frequentemente proíbido na minha rotina: TVI. Estreia de "Equador". Vi de relance, mas até não me pareceu mau. Pelo menos tem Rodrigo Leão na banda sonora, o que já é um ponto a favor. Entretanto, acaba o episódio e anúnicia-se uma gala que mete canções e criancinhas. Até aí, tudo menos mal. O pior vem nos anfitriões: Júlia Pinheiro e Manuel Luís Goucha! Não, eu não consigo imaginar nada pior do que uma dupla destas! Até a imagem arrepiante de escorregar num corrimão de lâminas e cair num alguidar de álcool me parece menos lancinante.
Felizmente adquiri dois fantásticos filmes a 1,59€ num Jumbo e vou-me refugiar no DVD... Se o leitor funcionar!
Façamos fisgas.
Ora, atentemos nesta fotografia, tirada exactamente hoje...
...dia em que fui possuída pelo espírito da POUPA! Pois é, esqueci-me dos ganchos e o meu cabelo presenteou-me com este jeitos a saber a nostalgia. Porquê? Porque sou menina dos 80's e 90's e ostentava as tais poupas que desafiavam a lei da gravidade, com a ajuda do laquê que mais parecia betão armado!
Quer-me parecer que me lançaram um feitiço ruim. Se amanhã vestir calças de licra, meias brancas com sabrinas e uma camisola com enchumaços, confirmo a minha suspeita!
De que material seremos nós feitos? Que raio de material é este que se encharca tão facilmente de inutilidade! Hoje sinto-me assim, embebida num desalento sem fim, questionando tudo e todos, mas acima de tudo, e o pior, questionando-me a mim. Que raio faço eu, trancada num gabinete, a mexer em papéis, quando passo pelos corredores e sou apenas invisível. Ninguém sente a falta, ninguém nota a presença, nem tão pouco a ausência? E lá fora o que há? Mais meio copo de vazio com um pratinho de solidão. Caminha-se, anda-se, percorre-se minutos e minutos, triliões, quatriliões… de minutos acompanhada única e exclusivamente pelos contornos negros de uma sombra; e isto em dias de sol, porque em dias como hoje, até essa companheira inseparável e sombria me abandona.