Não resisti em apoderar-me da descoberta que vi aqui e post'ar o que me parece uma versão muito melhor conseguida do que o original :)
"Stander", "hadem" e "bicos" são três dos muito exemplos de palavras que constavam no meu vocabulário, desde tenra idade, até à ida para a Universidade. Obviamente que em S. Brás de Alportel não se vai a um stand ver uma carro, mas sim a um stander; além disso eles hadem vir e não hão-de vir; e por fim, bico é uma palavra totalmente inocente que usamos para denominar borbulhas.
Além disso fico almariada, quando estou tonta, vou à da minha avó (poupando a palavra casa, pois isso toda a gente sabe!), como griséus com ovos e não ervilhas, a mini vai bem com alcagóitas e não com amendoins, digo moço em vez de gaiato, catraio ou rapaz, e quando vou à capital da região vou a Fare e não a Faro (nós gostamos de poupar letras, especialmente no fim das palavras).
Há pessoas que fazem parte da infância e que, quando voltam, trazem aquele sabor das férias grandes, vividas intensamente, entre tardes intermináveis dentro de água, os jogos de cartas, as noites dormidas na varanda ou a apanha da alfarroba, que durava mais ou menos 2 dias.
A casa dos meus pais sempre teve todas as portas abertas, e a minha família é grande, embora seja por vezes difícil perceber as relações que nos unem e os apêndices que, não sendo efectivamente da família, são. Já tive oportunidade de falar da sazonalidade que assombra quem mora no Algarve e cá permanece durante as férias grandes. De repente temos a casa cheia, mas ainda mais de repente, a casa fica vazia e o coração ressente-se com mais uma partida.
Mas há sempre um regresso, por mais que o tempo trate de modificar as rotinas das férias, e há a nostalgia das lembranças, a saudade dos tempos passados, em que não havia nada mais importante do que montar uma barraca em cima da varanda e lá dormir, para enganar o calor; em que o nosso relógio biológico era comandado pela permissão para ir para dentro de água; em que falávamos, e ríamos, e brincávamos, e caímos, e levantavamo-nos... e tudo era bom, puro e verdadeiro.
Há muito tempo que eu queria fazer esta observação: é impressão minha ou há um departamento na Blanka responsável por criar nomes cada vez mais complicados para tira nódoas.
Ora atentemos à última criação:
Tira nódoas + Branqueador Vanish Oxi Action Intelligence Cristal White
É sempre assim, quando se prepara e espera ansiosamente um dia, ele passa demasiado rápido. Há meses e meses de preparativos, e começam a existir dois tempos: o antes do acontecimento e o depois do acontecimento. O dia 6 de Junho estava programado como o marco deste calendário 2009. O casamento de uma de nós, das 4 de sempre, daquelas que se conhecem desde sempre, que estiveram sempre juntas.
Aconteceu ontem.
O dia começou cedo: cabeleireira, maquilhagem, vestido. E lá estava ela, a nossa Lúcia, linda como sempre, mas um bocadinho mais!
Caminhou-se na passadeira vermelha e as lágrimas ficaram pela garganta, respondendo ao grande esforço feito para que não descessem por entre a maquilhagem. Foi assim durante quase toda a cerimónia. Mas momentos houve em que os esforço não foi compensado, e entre o tremer dos lábios e o nó na garganta, lá ficaram aguados os olhos, pondo em risco todo o aparato do eyeliner.
Sou suspeita, é facto, mas para mim foi a cerimónia mais bonita de sempre, foram os noivos mais bonitos de sempre, e foi o copo de água mais bonito de sempre!
Ontem, mesmo com o corpo a ceder ao cansaço, a sensação era unânime: não é possivel que já tenha passado!
Hoje mantém-se.
Por fim, um novo ciclo começou na vida de uma de nós, o que representa que um bocadinho de nós começou também este novo ciclo. Porquê? Porque "os homens esqueceram esta verdade, mas tu não deves esquecê-la: ficas para sempre responsável por aquele que cativaste"
E viva os noivos!
Faz hoje 5 anos.
Está o mesmo sol, o mesmo calor, o mesmo céu...
e passaram 5 anos...
e ainda dói...