Quarta-feira, 25 de Novembro de 2009

O fim de semana foi intenso ao nível dos reencontros e dos sentimentos associados a eles e por isso tenho mesmo que escrever para ver se consigo pôr cá para fora....

De facto, e a bem da verdade, os reencontros começaram na passada semana. E é exactamente por aí que vou começar.

Há muitas pessoas que são referências para mim. Pelo que vivi com elas, pela altura em que apareceram, pela forma como me viram e me fizeram vê-las, por aquilo que me fizeram sentir, seja no bom ou no mau sentido. Acho que as referências são uma espécie de pontos cardeais na nossa vida, que indicam as direcções que fomos tomando e permitem localizar-nos no tempo e no espaço. A pessoa que reencontrei no início da semana passada foi uma dessas referências. Foram muitas coisas boas que vivemos juntos, poucas menos boas, mas todas elas muito intensas. Não tinha ilusões de que este reencontro fosse como qualquer outro, mas desde o nosso último contacto pessoal, as coisas tinham ficado claras para mim e saradas. E esta seria a prova disso mesmo. Foi de facto. Senti saudades das nossas conversas, das nossas risadas, do nosso bom humor. Senti vontade de ficar mais um pouco, de podermos falar das coisas que foram acontecendo nos entretantos da nossas vidas, gostava que tivesse sido uma tarde numa esplanada, com um amigo com quem não estamos há muito tempo e com quem nos apetece falar. E essa é uma sensação muito boa, uma sensação de paz. Eu não podia ficar de mal com uma pessoa que foi tão marcante, essencialmente porque isso me iria fazer sofrer. Já senti muita raiva, já falei muito mal, até já fui injusta muitas vezes. Mas isso ficou definitivamente para trás e o importante é este sentimento de tranquilidade.

 

No sábado fui para Évora e não há hipótese: passo Ourique e começa um nó na garganta e uma vontade de chorar. Sou uma nostálgica/lamechas crónica. Évora é a cidade mais ambivalente da minha vida. Eu fico eufórica e deprimida cada vez que lá vou. Aquela cidade guardou tudo o que eu era quando lá cheguei e deu-me muito do que sou hoje. E sei que hoje sou, indiscutivelmente, melhor.  Entrei naquelas muralhas como a menina com sérios problemas de auto estima, convencida de que o seu destino era ser permanentemente confundida com as pessoas com quem se relacionava, a menina incapaz de fazer bem o que quer que fosse sozinha, incapaz de ser admirada e amada pelo que era de facto. E aos poucos fui aprendendo a rever-me nas fantásticas pessoas com quem fiz amizade, e percebendo que tudo aquilo que eu achava de mim era mentira, que o meu espelho esteve desfocado o tempo todo, e que eu era realmente muito mais valiosa do que aquilo que pensava. É um processo lento, no qual me encontro todos os dias, e em que muitos dias vacilo, mas foi Évora que me ensinou a ser eu, e isso vou ficar para sempre a dever-lhe. E aqui entram novamente as referências, as pessoas que tornaram aquela cidade, a minha cidade.

 

A Cássi, a minha companheira de sempre nesta jornada, aquela que faz quadrados no ar para que eu diga a palavra que ela está à procura, sendo que esta palavra pode ser qualquer uma; aquela que pasmava ao pequeno almoço, agarrada ao capuccino e às tostas com planta; aquela que se passou a chamar lolita por ter apostado que o senhor da papelaria teria a porta aberta, mesmo já passando das 8 da noite; aquela que é a única a falar aquele dialecto, a rir daquelas piadas, a perceber aquelas expressões; aquela que eu aprendi a perceber os gestos de profundo carinho por detrás dos abraços arredios e dos toques desajeitados; pode passar o tempo que passar, quando nos reencontramos tudo está precisamente onde o deixámos, e não há nada mais reconfortante do que isto!

A Gadjet, que eu conheço tão bem, e que por isso mesmo aprendi a gostar tanto. A menina sereia, do encantamento, que por vezes se perde nesse mundo, mas que é capaz de ser tão profundamente generosa e com quem eu sei que posso contar para as coisas mais fúteis, mas também para as coisas mais sérias. Esteve comigo em momentos complicados, esteve mesmo comigo...

O Ginjol, aquela pessoa que eu acreditei ter sido meu irmão numa outra vida. A nossa amizade era tão pura, tão genuína e tão forte, aconteceu de uma forma tão intensa, tão inocente e tão espontânea. É claro que tudo mudou, foram demasiados os contratempos, magoámo-nos tanto, ficámos tanto tempo separados. Agora estamos a aprender a andar de novo, como se durante todo este tempo estivéssemos paralisados e agora os músculos atrofiados tem que voltar a mexer. E isso é bom, porque quero muito voltar a estar presente nesta vida...

A Luísa, que me dizia uma das frases que mais gostava: "tenho saudades da tua gargalhada". A nossa história também não foi fácil, mas se hoje conseguimos este equilíbrio, é porque o que significamos uma para a outra é importante o suficiente, e vale o esforço.

A Inácia, uma das pessoas que eu mais admiro, do fundo da minha alma, e que gosto tanto de rever e contar as minhas histórias, trocas e baldrocas.

 

E hoje o regresso ao Estabelecimento Prisional. Aquele cheiro característico de primeiro dia de estágio, o sorriso rasgado de algumas pessoas a contrastar com a cara fechada de outras, os sons das chaves nas portas, o ar de surpresa e a simpatia de um " há tanto tempo que não a via, como é que está, o que é que está a fazer?" ou " ainda volta à tarde? É sempre Benvinda!" Eu fui muito bem recebida e feliz naquele sitio, e sempre que lá vou, apetece-me ficar mais um bocadinho. Além disso, aquele espaço é sinónimo de ter conhecido uma das melhores e mais fantásticas pessoas que já passaram pela minha vida: o meu Mister Fi! Esta é uma daquelas pessoas das quais eu me sinto muito honrada em ser amiga. Tenho uma admiração enorme por este senhor, pela forma como lida com as pessoas, pela humildade com que se posiciona na vida, pelo sentido de humor em tudo o que faz, pela humanidade e sobretudo pelo espírito aberto, pela capacidade de aprender, de evoluir e de valorizar o que o rodeia e quem o rodeia. Tivemos desde os momentos mais hilariantes até às conversas mais sérias e profundas. A maior parte das coisas não teriam feito sentido, se não existisse um Sr. Fialho naquele sitio.




Sexta-feira, 13 de Novembro de 2009

Quando vi este anúncio pela primeira vez, lembro-me de o elogiar várias vezes. Esteticamente é lindíssimo e a mensagem é, talvez, a forma mais inteligente de fazer campanhas de prevenção.

A maior parte deste tipo de "anúncios" falham por se basearem em conceitos que não são verdade e nos quais ninguém se revê, tipo "o preservativo é fixe". Haverá alguém que, não tendo em conta a questão da prevenção, prefira usá-lo a não usá-lo? Hesito!

Logo, esta é a maneira certa: assumir que é chato, que corta o momento, que tira sensibilidade... mas que é melhor do que assumir as consequências.

 

Vénias a quem o concebeu e a quem reconheceu a sua qualidade.

 




Terça-feira, 10 de Novembro de 2009

Eu sei, eu sei que este vídeo já tem sido sobejamente comentado e parodiado, e inclusivamente teve o seu making of com honras de telejornal. Mas nunca é demais mostrar a alegria que jorra desta malta, no exercício do seu trabalho em prol da nossa querida nação.

Tanto talento só poderia ter nascido nessa terra abençoada que é Portimão, de onde também já saíu esse ícone do latinismo masculino, Zezé Camarinha.

 

 

Vamos lá a reparar no potencial poético das palavras "envelopes", "canetas" e "objectivos", e em como é melódico ouvir a versão musical das horas que pautam o quotidiano desta rapaziada. E depois de atentar a todos estes magníficos pormenores e pormaiores, vamos, all together: "Somos funcionários, públicos da autarquia. Nós somos aqueles que ganhando pouco trabalhamos todo o dia. Funcionários públicos, trabalhando aqui e ali. É verdade, Portimão está melhor graças a ti e a mim!"


cheira-me que estou... em êxtase

apoquentado por Béu às 21:43 | linque da apoquentação | mandar pitafe

Domingo, 8 de Novembro de 2009

A Mina, a minha gata companheira de Ap, tornou-se na melhor forma das minhas queridas vizinhas tentarem tirar nabos da púcara acerca da minha vida:

 

Vizinha do 4º (aquela da vida sexual barulhenta) - Ah vizinha, a gatinha é uma companhia que tem não é? Quer dizer, não sei se é casada... (tempo para a resposta)

Eu - Pois, não, não sou.

Vizinha do 4º (aquela da vida sexual barulhenta): Ah pois, então é mesmo uma companhia.

Eu - Ah, não se preocupe que eu tenho muitas companhias (risos)

 

9:30 da manhã:

Senhora da limpeza das escadas: Bom dia!

Eu: Bom dia!

Senhora da limpeza das escadas: Então com quem fica a sua gatinha agora?

Eu: Fica sozinha.

Senhora da limpeza das escadas: Ah, já tá habituada a ficar sozinha não é?

Eu: É. Até logo.

 

Ora bem, eu sou uma pessoa que não tem problema nenhum em falar da sua própria vida. Aliás, o problema é precisamente o contrário, muitas vezes falo demais. Mas há um pormenor: é que falo quando quero, com quem quero e sobre o que eu quero. E por norma não há necessidade de me fazerem perguntas. Falo espontaneamente. Todas as outras formas de tentar saber mais sobre mim deixam-me profundamente irritada.

E se há coisa que eu não quero é tentar explicar às minhas middle age vizinhas que o meu objectivo de vida nunca foi estudar, voltar para a terrinha onde toda a gente me conhece a mim e à minha familia até à 5ª geração antes de mim, arranjar um emprego estável, um rapazinho como deve de ser, comprarmos uma casinha, procriar, trocar o carro por um familiar e fazer passeios ao domingo no campo.

Por isso sim, eu vivo sozinha com uma gata, numa casa alugada, a 12km do conforto da casa dos meus pais, onde não teria que levar a roupa, cozinhar ou pagar contas ao fim do mês; gosto do que faço, mas sei que quero mudar; preocupo-me muito mais com o presente do que com o futuro (o que não é necessariamente bom); tenho muitas crises existenciais e passo o tempo a perder-me e a tentar encontrar-me. Estou a aprender a disfrutar do que tenho, para assim que me sentir pronta, sair daqui para outro sitio qualquer, porque a vida é demasiado pequena e o mundo excessivamente grande. Luto todos os dias contra a acomodação da vidinha, numas alturas com mais sucesso, noutras com menos. E abro a porta da minha casa a viajantes que não conheço de lado nenhum, mas que me mostram que é possível viver de muitas maneiras, e que se pode ambicionar muita coisa diferente de uma vivenda geminada e de um monovolume estacionado à porta.

Cada pessoa faz as suas escolhas, estabelece as suas prioridades. Não há certos nem errados, há simplesmente modos de viver diferentes.

Talvez um dia, talvez num futuro não tão distante como agora o sinto, eu queira todas essas coisas que neste momento não me dizem nada. Mas este é o meu tempo, é o meu ritmo...

Acho que seria complicado explicar isto às minhas vizinhas. Should I feel like an allien?

 




Quarta-feira, 4 de Novembro de 2009

"que cor têm os teus olhos?"


cheira-me que estou... assim....

apoquentado por Béu às 20:40 | linque da apoquentação | mandar pitafe

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