O Instituto Português do Sangue apela mais uma vez à dádiva de sangue, sendo que os stocks no país estão mais uma vez nas lonas. Eu já tentei dar sangue mais ou menos umas 6 vezes, 2 dessas com sucesso, todas as outras falhadas. Porquê? Em 2 das vezes tinha a hemoglobina baixa para doar, e nas outras 2 respondi sinceramente a este questionário (que agora me parece mais actualizado do que na última vez que tive que o preencher).
Por todas as análises que fiz e faço anualmente, e pelos próprios resultados que o hospital envia para casa, porque mesmo sem consumar a dádiva, fazemos uma pequena colheita para a análise, todos os valores estão excelentes, e isto significa que nessas 2 vezes em que respondi honestamente ao questionário, 2 pessoas poderiam ter recebido sangue e não receberam.
A minha dúvidas são: se se avalia a "qualidade" do sangue através deste questionário, então estaríamos todos em grande risco, porque de facto, cada um pode responder o que quiser; no entanto, são feitas análises, portanto há custos associados à dádiva frustrada , ou seja, a pessoa vai ceder o seu tempo, espera que se farta, faz a análise e nos valores avaliados no imediato, está tudo bem, chega ao questionário, responde afirmativamente a alguma destas questões e fica automaticamente excluída. Entretanto, o hospital faz análises mais aprofundadas à amostra de sangue que foi recolhida, e envia para casa. Está tudo bem, gastou-se recursos, tempo e dinheiro, mas não houve dádiva. Até que ponto é que isto tem algum tipo de lógica?
Sinceramente já passaram mais de 2 anos desde que tentei dar sangue a última vez, e não lá voltei por pura birra. Este tipo de procedimentos totalmente descabidos irritam-me até à alma, até porque fui com a melhor das intenções e saí a sentir-me uma criminosa (e não há nenhuma questão que se refira ao roubo ou homicídio de alguém!)
Nos últimos tempos tenho ido com frequência a escolas, porque o trabalho assim o tem exigido. E é engraçado como o ambiente escolar me transporta para outro mundo.
As escolas têm aquela maravilhosa característica de serem construídas da mesma forma, o que faz com que quase todas, de alguma forma, se assemelhem à minha. Têm também um cheiro muito próprio, dos materiais de papelaria, das mochilas, das corridas para o intervalo. Têm a balbúrdia de todos os miúdos a andarem, correrem, gritarem, atropelarem-se. Têm as tribos, as rebeldias, as relações com os funcionários, a sala dos professores, as senhoras do bar, da cantina ou da reprografia.
Mas o mais fascinante de voltar à escola é estar do outro lado. Ser imediatamente chamada de professora (mesmo não o sendo), ter livre acesso à sala dos professores, à casa de banho dos professores, e a todo o tratamento dado aos professores, que sempre invejei.
Ainda falta muito tempo até que a minha vida profissional supere, em quantidade, a minha vida escolar. Por isso, voltar à escola como "professora" ainda é um admirável mundo novo.
O facebook, essa virose que apanhei e que me tem acompanhado nos últimos tempos, rouba-me disponibilidade e inspiração para cuidar das minhas apoquentações.
Mas há coisas que são moda, e outras que são as que realmente valem, e é baseado nisto que peço desculpas ao meu "não te apoquentes", porque aqui está o que realmente importa...