mas mesmo só hoje, e apenas durante o tempo que demorar a escrever este post, vou deixar de ser forte, e vou permitir-me verbalizar a tristeza que me deixaste. Só por breves instantes, vou deixar a saudade invadir-me e os olhos ficarem aguados. Vou deixar que memória me leve para o pé de ti e que me deixe voltar a sentir a inexplicável quimica que existia quando estávamos juntos. Vou ansiar por voltar a rir contigo, e de ti, e de mim, e de nós os dois... Vou recordar o gozo que me dava saber o que estavas a pensar, e saber que sentias o mesmo relativamente a mim. Vou engolir em seco e deixar-me chorar pelo que passeámos de mão dada por aqui e por aí (e eu nem gosto de andar de mão dada). Vou querer que me voltes a tocar e a olhar nos olhos, que digas que sou bonita e que te faço rir. E vou deixar que doa e que o choro seja o único alivio.
E quando não me apetecer mais chorar, vou lembrar-me das vezes que me magoaste, da forma como o fizeste e me pediste desculpa, e como voltaste a magoar-me vezes sem conta. Vou lembrar-me de como saíste da minha vida, sem motivo, sem razão e sem sequer olhar para trás.
Um dia não serás mais do que uma recordação. Não vai ser hoje, nem amanhã, nem sequer no dia a seguir. Mas um dia serás apenas isso...
Não lhe chamemos adiar. Chamemos antes processo de preparação para... Sair. E não há melhor maneira de explicar o porquê, do que este poema. Repetente, é certo, mas porque de cada vez que saio é tudo isto o que sinto, e até agora ainda não encontrei nada que conseguisse exprimir melhor... (A não ser isto, claro!)
(...) Mas enquanto descia a colina,
invadiu-o uma tristeza
e pensou em seu coração:
- Como poderei partir em paz e sem pena?
Não. Não poderei deixar esta cidade
sem uma ferida na alma.
Longos foram os dias de amargura
que passei dentro dos seus muros,
longas foram as noites de infinita solidão;
e quem poderá separar-se sem pesar
da sua amargura
e da sua solidão infinita?
Espalhei por estas ruas
muitos bocados do meu espírito
e muitos filhos dos meus sonhos
caminham nus por estas colinas,
e não posso afastar-me deles sem dor e pesar.
Não é um vestido que hoje dispo;
é uma pele que arranco
com as próprias mãos.
Não é um pensamento que deixo atrás de mim,
é um coração enternecido
pela fome e pela sede.
Mas não posso ficar mais tempo.
O mar que chama para si todas as coisas,
chama por mim e tenho de embarcar.
Porque ficar,
enquanto as horas ardem na noite,
é congelar-se e cristalizar-se,
e ficar preso num molde.
De bom grado levaria comigo
tudo quanto aqui existe.
Mas, como?
A voz não pode levar consigo
a língua e os lábios que lhe deram asas.
Deve lançar-se sozinha no espaço.
E a águia voará ao encontro do sol
sozinha, sem o seu ninho (...)
O PROFETA Khalil Gibran
Não concordo que a idade seja um posto, nem que seja sinónimo de sabedoria. Há pessoas a quem a idade não traz mais do que um conjunto de experiências mal aproveitadas e um dúzia de rugas. Pessoas que não evoluem, que não aprendem com o passado, que nao aproveitam o presente e que nada fazem para melhorar no futuro.
Mas tenho que concordar que o passar do tempo nos altera e faz, essencialmente, perder a inocência. Se olhar para este ano de 2010, é isso que sinto. E não "falo" com qualquer tipo de mágoa ou tristeza. Muito pelo contrário: quando menos ingénua me sinto, mas aumenta o meu gosto pela minha própria pessoa e pela vida, numa espécie de proporcionalidade inversa.
No trabalho vale a bela quadra do conterrâneo Aleixo: Não sei porque razão, certos homens a meu ver, quanto mais pequenos são, maiores querem parecer. Então se substituirmos homens por mulheres, enquadra-se na perfeição (isto porque trabalho com apenas um homem no meio de dezenas de mulheres). Pessoas pequeninas e mesquinhas, que não lucram rigorosamente nada com o mal dos outros, mas que não se coíbem em fazê-lo deliberadamente, e são recompensadas por isso. Alegra-me acreditar na lei do eterno retorno, e crer piamente que um dia pagarão pelo mal que emanam. E os que fingem trabalho incasável e sobrelotação de casos, papeis e outras coisas que tais, os permanentemente indisponíveis pela sobrecarga de que são vitimas. Os que não riem, nem conversam, nem convivem porque estão sempre tão cheios de coisas para fazer, alcançam o seu lugar de excelência, em detrimento do ócio dos que até riem, até falam, e até se demonstram disponíveis quando é necessário. Desocupadas as almas que encontram espaço para alguma alegria no trabalho. Conclusão: o marketing pessoal é tudo na vida. Não interessa o que sou de facto, o que faço, mas sim aquilo que mostro ser e mostro fazer. Aprendizagem encaixada! Salva-me a bolha de pessoas que realmente valem a pena e é também por elas que, definitivamente, eu adoro-me tal como sou.
As amizades vão, vêm, vivem ou simplesmente sobrevivem. Já passou a fase das crises existenciais. Tudo muda, custe ou não custe. Neste momento sei com quem posso contar, mas também sei que aquilo em que acredito hoje pode desiludir-me amanhã. Não faço mais dramas relativamente a essa questão, porque sei que terei sempre amigos por perto. Decididamente faço parte do PISSA (Pessoas Incapazes de Sobreviver Sem Amigos - influências facebookianas) e cheira-me que isto não mudará assim tão facilmente.
As relações... ai as relações. Tenho um sério problema: sei o que quero. E por mais que me deixe apanhar pelos sentimentos, continuo a saber o que quero. Talvez seja coisa capaz de assustar os mais perdidos. Quem não aguentar comigo, nem sequer se chegue perto. Sou demasiado independente para me deixar prender a quem não me arrebate por completo. Dou o que tenho para dar, e dou muito. Mas não dou amor próprio nem auto estima. Esses levaram-me demasiado tempo a conseguir para deixar na mão de quem quer que seja. Não me arrependo de nada, nunca me arrependi. O segredo é saber onde é o início, o meio e o fim. Hoje sou mais desconfiada? Sou. Já me fizeram acreditar em não verdades, e isso vai magoando. Mas é coisa que não me impede de seguir em frente e estar com quem me apetece, quando me apetece e como me apetece. Regalias que os tempos modernos permitem.
O corpo. Esta é a melhor parte hoje, porque ao longo dos meus quase 28 ans de existência, sempre foi a pior. Não, não fiz mais nenhuma dieta milagrosa, não perdi os pelo menos 10kg que tenho a mais. E? E nunca me senti tao bem comigo como me sinto hoje em dia. Ok, eu devia perder os benditos 10kg? Devia sim senhor. Esforço-me para isso? Esforço-me sim senhor. Mas há 2 coisas que eu nunca mais farei na vida: adiar o que quer que seja para quando for magra e tomar o que quer que seja para emagrecer. Ah, e também não voltarei a olhar para o chão enquanto ando na rua. Este é o corpo que me permite viver tudo o que quero viver, e cabe-me amá-lo perdidamente!
E depois deste texto assim a dar para o egocêntrico, o desafio é encontrar um tal de equilíbrio entre o eu, o tu, o ele, o nós, o vós e o eles. Ele anda por aí, e como diz o povo, quem procura sempre alcança.
PS: não tem nada a ver, mas eu já referi que uma das coisas que me apoquenta, esteja eu sozinha ou acompanhada, é o dia de S. Valentim e as suas pirosices em tons de vermelho sangue? Se não disse, aqui fica o manifesto!
Não gosto de choco guisado, nem de milho nas saladas;
Não gosto de pessimistas e acomodados;
Nao gosto gabarolas, convencidos ou basófias;
Não gosto UGG's nem de Merrell;
Não gosto da mulher do meu tio;
Não gosto de acordar tarde;
Não gosto de sentir medo;
Não gosto que me façam favores ou jeitinhos;
Não gosto de clichès;
Não gosto que me assustem;
Não gosto da frase "ha mais marés que marinheiros";
Não gosto que me façam acreditar em coisas que não são verdade;
Não gosto de pseudo intelectuais, nem de novos ricos;
Não gosto de cereais com leite;
Não gosto de fazer fretes;
Não gosto de tacanhez de espírito;
Não gosto de gente que cheira mal;
Não gosto de Tensão Pré Menstrual;
Não gosto que comentem o que como ou deixo de comer;
Não gosto de chicos espertos;
Não gosto de me sentir sozinha;
Não gosto de não gostar de mim...