porque de repente tudo muda. A forma de ver o passado, a maneira como se encara o futuro e o modo como se vive o presente. De repente percebi o quanto tinha errado... e não sou boa com frustrações. Não sou boa a sentir-me infantil, a sentir que aquilo que acreditei estar a fazer da melhor forma, era só fruto dos meus muros, redomas e bolhas ridículas, não sou boa a perceber que não fui justa, que deixei muito por dizer, e que disse muito do que não devia ter dito... Mas quando relampeja e percebo que realmente falhei, eu mudo. Mudo porque sei que posso tentar ser mais feliz de outra maneira. E eu já lutei por mudar tanta coisa em mim, que mais uma luta destas não me há-de fazer mossa.
E lutar por mim, pela primeira vez, é lutar por ti também. É permitir-me sentir e e ir até ao fim pelo que sinto.
Não volto a deixar passar uma oportunidade de dizer que te amo, que quero estar contigo e que me fazes feliz, profundamente feliz.
Não há-de ser tarde, pois não?
A verdade é que são bem mais do que dois. Mas, para além de o titulo ficar mais sonante desta forma, hoje vou só mesmo dedicar-me a dois dos meus amores. Tratam-se de duas regiões deste belo país: Algarve e Alentejo! Isto vem a propósito deste spot publicitário ao meu Algarve. Fez-me pensar que urge um post regional neste blog, até porque o Alentejo tem tido mais protagonismo por estas bandas e torna-se uma situação desconfortável, uma vez que o sangue que me corre nas veias é totalmente algarvio!
Assim sendo, aqui vai a ode à minha terra. Como em tudo nesta vida, há quem só veja no Algarve uma região turística, que se deixou atropelar por construção à desgarrada, que permitiu a destruição de belezas naturais incalculáveis, e que ainda por cima, só vive no Verão e no resto do ano sobrevive. É facto que muita coisa foi mal feita, mas quem por cá passa e só vê o que de mau se fez, perde tudo o resto... Este meu rectângulo dentro de outro rectângulo, tem quase tudo para oferecer. Temos, indiscutivelmente, o melhor clima do país continental (porque lá para as bandas da Madeira, aquilo ainda é melhor), temos as mais fantásticas praias, que conseguem conjugar beleza e água passível de se dar uns mergulhos sem congelar as carnes, temos noites animadas em tempos de Verão, temos peixinho fresquinho e belo marisco... mas isto é o que toda a gente já sabe, e goste ou não goste, é uma verdade incontornável.
Contudo, temos bem mais do que isso, porque o mais fascinante dos sítios não é o criado para "inglês ver" (expressão que aqui faz ainda mais sentido). O melhor não é ir à praia em pleno Agosto, o melhor é ver o sol de Inverno reflectido na água, enquanto o frio nos deixa a cara rosada e não há mais ninguém para além de nós, do céu, do sol e do mar. O melhor está no sotaque garrido, que vai da Vila a Sagres e que se confunde com o alentejano, com o açoriano e com mais 2 ou 3 dialectos, mas que no fundo é só nosso. Sou uma apaixonada por sotaques. Tivesse eu o dom da imitação, e não havia um que me escapasse. O melhor é ir à feira de manhã e ouvir os feirantes a apregoar em inglês, num fantástico "take a looki lady. Good price". O melhor é perdermo-nos nos montes e serras e desfrutar das vistas e das gentes. O melhor é conhecer as pessoas castiças da pesca e do marisco, e por favor, vejam isto. O melhor não são as badaladas festa da alta, mas sim os bailes de emigrantes com a mini a bom preço, bailarinas em vestes curtas e o leilão das ofertas do povo da terra. O melhor é que já temos cultura todo o ano. O melhor é que, algures entre Janeiro e Fevereiro, as amendoeiras ficam em flor e não há muitas coisas que sejam mais bonitas do que isto. O melhor é que temos alfarrobas e os doces delas derivados. O melhor é que somos marafados e dizem que comemos na gaveta... mas nem sempre é verdade!
Passemos então ao segundo dos amores, Alentejo da minh'alma. Diz o senhor Janita que o Alentejo é a última utopia. Quase que concordo com ele. Oh terra fácil para uma pessoa se perder de amores. É bem provável que seja da cor de ouro no Verão... ou do verde esperança do Inverno. Talvez os salpicos de cores na Primavera, ou até o castanho amarelado do Outono. Não dá para explicar um pôr do sol na planície, como não dá para explicar um pôr do sol no mar. Não há palavras para a calma das gentes, a percorrerem ruas caiadas e a rasgarem as ondas de calor. E não há pupilas gustativas que resistam ao sustento dos pratos alentejanos, ao panito, ao queijinho, à sericaia. E os montes, e os castelos, e os palácios, e os lagos, e a costa, e o vinho, e as vinhas, e as herdades, e o calor do dia e do Verão, e o frio da noite e do Inverno...
E os sotaques, raio dos sotaques outra vez, que me enchem a alma.
Sou uma sulista convicta e apaixonada por cada km destas terras. O sul é a minha casa e por mais que ande por fora, é aqui que me encontro!