...ao som do fado português, do destino das existências, das angústias amadas e desamadas, que se choram em risos de eufórica tristeza.
Leve sotaque da planície, aos quadrados nas camisas, réstias de momentâneas tradições nas pregas das calças cor de trigo, e a saudade a fazer vibrar a laringe, no atrito do som vindo das entranhas do que não se é.
A alma ultrapassa o ser, a música sangra por entre os gestos possuídos. As cordas chiam encantos, traduzem raras porções do que vai cá dentro.
E o dia, subitamente, torna-se digno de um bom copo de vinho tinto, regado por um estranho orgulho em falar esta língua.
As coisas vulgares que há na vidaNão deixam saudadesSó as lembranças que doemOu fazem sorrir Há gente que fica na históriada história da gentee outras de quem nem o nomelembramos ouvir São emoções que dão vidaà saudade que tragoAquelas que tive contigoe acabei por perder Há dias que marcam a almae a vida da gentee aquele em que tu me deixastenão posso esquecer A chuva molhava-me o rostoGelado e cansadoAs ruas que a cidade tinhaJá eu percorrera Ai... meu choro de moça perdidagritava à cidadeque o fogo do amor sob chuvahá instantes morrera A chuva ouviu e caloumeu segredo à cidadeE eis que ela bate no vidroTrazendo a saudadeMariza/Jorge Fernando
Chuva