Tendemos sempre para o equilíbrio, por mais desequilibrados que sejamos. Precisamos dele para nos mantermos na vertical, para caminhar para a frente (e para trás). Cada um tem o seu centro de gravidade, o seu vértice perfeito, a sua forma de andar. Mas o equilíbrio, como tudo, só existe quando há o seu antagónico. E a vida é perita em fazer-nos abalar as estruturas e pôr à prova a nossa capacidade de voltar ao centro.
São pessoas que chegam e fazem-nos tremer; são outras que partem e deixam-nos abalados como se tivesse passado uma rajada de vento; são os dias intermináveis, que nos fazem curvar, minguar e quase cair; são as decisões dificeis de tomar, as escolhas dificeis de fazer, que nos deixam como aquelas mesas de esplanada com uma perna mais curta, debaixo da qual colocamos um papel dobrado em muitos bocadinhos; são as eternas dúvidas, as esperas demoradas, os sonhos por cumprir, que nos poêm o pé à frente, só para ver se tropeçamos; são os sentimentos, as emoções e os novelos de pensamentos, que nos sacodem e fazem fraquejar as pernas....
Mas, por mais bambos que a vida nos deixe, há sempre momentos assim, como uma tarde passada à beira mar, com o sol a queimar a pele pouco coberta para a altura do ano, mas quase demasiado tapada para a temperatura que se faz sentir, os pés na areia, o sol a reflecir no mar, o céu azul e aquela sensação de que a vida é perfeita. Inspira-se e parece que tudo volta ao seu devido lugar, à harmonia total. E o inatingível equilíbrio está logo aqui, em mim.
Com todas as excepções que me são permitidas, a cada dia me sinto melhor. E hoje estou, simplesmente, bem!
É mais ou menos isto.... mas ao contrário! :)