Domingo, 8 de Novembro de 2009

A Mina, a minha gata companheira de Ap, tornou-se na melhor forma das minhas queridas vizinhas tentarem tirar nabos da púcara acerca da minha vida:

 

Vizinha do 4º (aquela da vida sexual barulhenta) - Ah vizinha, a gatinha é uma companhia que tem não é? Quer dizer, não sei se é casada... (tempo para a resposta)

Eu - Pois, não, não sou.

Vizinha do 4º (aquela da vida sexual barulhenta): Ah pois, então é mesmo uma companhia.

Eu - Ah, não se preocupe que eu tenho muitas companhias (risos)

 

9:30 da manhã:

Senhora da limpeza das escadas: Bom dia!

Eu: Bom dia!

Senhora da limpeza das escadas: Então com quem fica a sua gatinha agora?

Eu: Fica sozinha.

Senhora da limpeza das escadas: Ah, já tá habituada a ficar sozinha não é?

Eu: É. Até logo.

 

Ora bem, eu sou uma pessoa que não tem problema nenhum em falar da sua própria vida. Aliás, o problema é precisamente o contrário, muitas vezes falo demais. Mas há um pormenor: é que falo quando quero, com quem quero e sobre o que eu quero. E por norma não há necessidade de me fazerem perguntas. Falo espontaneamente. Todas as outras formas de tentar saber mais sobre mim deixam-me profundamente irritada.

E se há coisa que eu não quero é tentar explicar às minhas middle age vizinhas que o meu objectivo de vida nunca foi estudar, voltar para a terrinha onde toda a gente me conhece a mim e à minha familia até à 5ª geração antes de mim, arranjar um emprego estável, um rapazinho como deve de ser, comprarmos uma casinha, procriar, trocar o carro por um familiar e fazer passeios ao domingo no campo.

Por isso sim, eu vivo sozinha com uma gata, numa casa alugada, a 12km do conforto da casa dos meus pais, onde não teria que levar a roupa, cozinhar ou pagar contas ao fim do mês; gosto do que faço, mas sei que quero mudar; preocupo-me muito mais com o presente do que com o futuro (o que não é necessariamente bom); tenho muitas crises existenciais e passo o tempo a perder-me e a tentar encontrar-me. Estou a aprender a disfrutar do que tenho, para assim que me sentir pronta, sair daqui para outro sitio qualquer, porque a vida é demasiado pequena e o mundo excessivamente grande. Luto todos os dias contra a acomodação da vidinha, numas alturas com mais sucesso, noutras com menos. E abro a porta da minha casa a viajantes que não conheço de lado nenhum, mas que me mostram que é possível viver de muitas maneiras, e que se pode ambicionar muita coisa diferente de uma vivenda geminada e de um monovolume estacionado à porta.

Cada pessoa faz as suas escolhas, estabelece as suas prioridades. Não há certos nem errados, há simplesmente modos de viver diferentes.

Talvez um dia, talvez num futuro não tão distante como agora o sinto, eu queira todas essas coisas que neste momento não me dizem nada. Mas este é o meu tempo, é o meu ritmo...

Acho que seria complicado explicar isto às minhas vizinhas. Should I feel like an allien?

 



apoquentado por Béu às 11:06 | linque da apoquentação | mandar pitafe

3 pitafes:
De esperoquenao a 10 de Novembro de 2009 às 21:45
É bom ouvir palavras tão reconfortantes como as que escreveste. Porque, num mundo marcado pela humilhação pública e pela escassa existência de água potável, nós, os oprimidos pela tirana distracção, apesar de inteligentes somos tratados como burros.

Muito poético e suficientemente parvo para servir como comentário.

Resta-me apenas dizer que: "aquela da vida sexual barulhenta" foi das melhores distinções que alguma vez ouvi. Por mim, era começar a pensar nisto e adaptar para a entrega dos OSCAR's . Não é todos os dias que somos distinguidos pela excessiva sonoridade produzida durante o acto sexual. Em certas culturas, isso chega até a ser um elogio .

Dito isto, resta-me apenas dizer que em relação às tuas vizinhas: Não te preocupes, eventualmente acabam por morrer.


De Béu a 10 de Novembro de 2009 às 22:15
É sem dúvida refrescante perceber que, apesar do acordo ortográfico não ter contemplado as pequenas distracções de seres superiormente inteligentes, há entre eles tamanha compreensão e empatia.

Quanto à minha vizinha, a senhora é mesmo barulhenta nas suas lides sexuais, mas parece-me ser bastante feliz, uma vez que está sempre a rir, e já tive oportunidade de perceber que, na rambóia, ouço-a primeiro a ela e depois ao cavalheiro. Saudável portanto! Só é pena ser coscuvilheira.

Obrigada pelo comentário :)


De a 11 de Novembro de 2009 às 17:28
Claro que não! As tuas vizinhas que vão levar na anilha! Era o que faltava!


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