Eu sou assim, tantas vezes de extremos. Procuro-me, frequentemente sem me encontrar, no meio das duas pontas da linha que tende para o infinito.
Sou totalmente dependente de tudo o que me rodeia, mas preciso sentir que não dependo de nada nem de ninguém;
entrego-me e preciso das minhas relações como do ar que respiro, mas sei que consigo estar bem comigo e só comigo;
sinto vergonha e baixo a cabeça, mas também espalho as brasas e parto os pratos;
preciso do meu espaço, das minhas rotinas e do meu conforto, mas também preciso de sair e de me perder, para me poder encontrar, de dormir fora do aconchego, de acordar no desconhecido;
uso sapatos altos, pinto os olhos, uso um creme para cada parte do corpo, mas também calço chinelos, danço no pó, tomo banho de água fria e uso gel de duche no cabelo;
preciso de ir ao teatro, ao cinema e a um espectáculo, mas também preciso de sair a um bar e dançar até não poder mais numa discoteca;
gosto de falar sobre ideologias, assuntos sérios, usar palavras caras, mas também me perco a comentar o tempo, a novela ou o aspecto saudável de um homem;
rio alto e com vontade, mas também choro com a alma e sucumbo à tristeza e à saudade;
sou espalhafatosa e desajeitada, mas também sou timida e acanhada;
gosto de estar rodeada de pessoas mas também preciso de estar sozinha;
falo pelos cotovelos mas também sou boa ouvinte;
sou sensível e compreensiva, mas também sou bruta como um elefante numa loja de cristais;
gosto que me protejam e que cuidem de mim, mas também tenho que demonstrar que não preciso de nada disso;
penso com o coração, mas também sinto com a cabeça;
procuro o equilibrio, mas sei que não consigo viver sem o seu antagónico.
Eu sou assim, perdida entre o 8 e o 80, encontrada em toda a extensão que os separa!