Nos últimos tempos tenho estado assim, a intervalar a euforia, o calor, o good feelling veranil, com a tristeza, angústia e afins. Razões? Não sei. Nem para um estado, nem para outro! Sei que hoje só me apetece lavar a alma em litros de água salgada vinda directamente dos meus beautifull eyes. É uma mistura de raiva, tristeza e muita vontade de colo, de mimo. Hoje queria ser pequena outra vez, chegar a casa e ter a minha família toda reunida em redor do tempo quente, a banhos na piscina, com as lembranças trazidas do longínquo estrangeiro, onde passavam tudo o frio Inverno, e as meias estações. Queria o meu avô, os meus tios, os meus primos, quero a minha mãe.
Queria voltar ao tempo em que não haviam ilusões. Tudo o que era real estava ao alcance da minha mão, e tudo o que não existia estava guardado no meu quarto, de persianas fechadas, onde imaginava e sonhava tudo o que um dia queria ser. Ninguém me deixava acreditar em coisas que não eram verdade, a não ser que o menino Jesus me dava um bombom quando me portava bem. Ninguém desaparecia sem se lembrar que era para sempre responsável por aquele que tinha cativado. Ninguém me desapontava, fazendo de si algo que não é. E eu não tinha que me preocupar com mais nada que não fosse o horário da novela ou a vida sentimental da Barbie Vestido de Noite com o Ken Desportista.
Queria voltar à minha infância, porque hoje sinto-me uma adolescente em crise, e definitivamente não me apetece regressar à vida adulta.