Já chegou 2010, e sinto que tenho, obrigatoriamente, que chamar de volta alguma inspiração para voltar a cuidar do meu cantinho que tem andado tão abandonado nos últimos tempos. O mês de Dezembro foi caótico a todos os níveis e deixou-me sem tempo para fazer fosse o que fosse que não constasse das necessidade básicas. Aliás, penso que mais umas 2 semanas no ritmo das primeiras 3 de Dezembro, e por esta hora estava obesa e no departamento psiquiátrico! Felizmente o rescaldo não foi assim tão mau: 2 kg a mais parece-me uma bênção tendo em conta todas as maldades que fiz ao meu organismo! E também não necessitei de cuidados psiquiátricos.
E a verdade é que o final de 2009 foi arrebatador, bem como o inicio de 2010. Fiz a minha primeira viagem sozinha, de mochila às costas. E certamente que, no que depender de mim, será a primeira de muitas. Grécia foi o destino, não as ilhas, porque lá também é Inverno :), mas a península de Peloponeso. Tinha o Sexta-feira (nome que atribuí ao meu companheiro de 4 rodas, inspirada pelo Robinson Crusoè), e fizemos muitos, muito quilómetros juntos, por estradas movimentas e caminhos completamente desertos, perdi-me várias vezes, desesperei outras tantas com os caracteres gregos totalmente imperceptíveis, mas tudo se resolveu sempre e de forma rápida. A península é lindíssima, da costa ao interior, e pude perceber que os gregos são de facto muito parecidos connosco, especialmente a nível físico. Em termos de cultura, salvo a questão da sesta, do tabaco em todos os sítios e a todas as horas, e das esplanadas cheias de gente a partir das 6h da tarde, a coisa também não me pareceu diferir muito. Relativamente a Atenas, e exceptuando todos os monumentos de passagem obrigatória quando lá se aterra, é provavelmente a cidade mais feia que já vi. Mas não me posso queixar do dia que lá passei, porque foi até bastante bom :)
E viajar assim, numa altura de balanços como é o fim do ano, é fantástico. É como poder avaliar a nossa vida de fora, e isso dá-nos um descernimento fantástico para ver coisas que cá, dentro da própria vida, não conseguimos.
New year resolutions foram muitas e das boas, mas o melhor é mesmo o optimismo com que entrei neste redondo 2010. Hoje estou de cama, doente, mas nem isso abala a minha decisão de tornar este ano muito melhor do que o que passou!
καλή πρωτοχρονιά!
Tendemos sempre para o equilíbrio, por mais desequilibrados que sejamos. Precisamos dele para nos mantermos na vertical, para caminhar para a frente (e para trás). Cada um tem o seu centro de gravidade, o seu vértice perfeito, a sua forma de andar. Mas o equilíbrio, como tudo, só existe quando há o seu antagónico. E a vida é perita em fazer-nos abalar as estruturas e pôr à prova a nossa capacidade de voltar ao centro.
São pessoas que chegam e fazem-nos tremer; são outras que partem e deixam-nos abalados como se tivesse passado uma rajada de vento; são os dias intermináveis, que nos fazem curvar, minguar e quase cair; são as decisões dificeis de tomar, as escolhas dificeis de fazer, que nos deixam como aquelas mesas de esplanada com uma perna mais curta, debaixo da qual colocamos um papel dobrado em muitos bocadinhos; são as eternas dúvidas, as esperas demoradas, os sonhos por cumprir, que nos poêm o pé à frente, só para ver se tropeçamos; são os sentimentos, as emoções e os novelos de pensamentos, que nos sacodem e fazem fraquejar as pernas....
Mas, por mais bambos que a vida nos deixe, há sempre momentos assim, como uma tarde passada à beira mar, com o sol a queimar a pele pouco coberta para a altura do ano, mas quase demasiado tapada para a temperatura que se faz sentir, os pés na areia, o sol a reflecir no mar, o céu azul e aquela sensação de que a vida é perfeita. Inspira-se e parece que tudo volta ao seu devido lugar, à harmonia total. E o inatingível equilíbrio está logo aqui, em mim.
Com todas as excepções que me são permitidas, a cada dia me sinto melhor. E hoje estou, simplesmente, bem!
É mais ou menos isto.... mas ao contrário! :)
Como receber uma mensagem a dizer "eu fiquei"
Como ouvir o barulho das ondas, dar as mãos e sentir o calor de um corpo que treme de frio.
Como conhecer alguém com quem nos sentimos tão profundamente bem, que parece tocar-nos na alma com as mãos, que nos enche o coração com um sorriso, que nos faz acreditar que temos os olhos mais bonitos do mundo.
As coisas quase perfeitas nunca arranjam suficientes palavras para as descreverem, nunca têm tempo suficiente para ser vividas. As coisas quase perfeitas enchem-nos todo o Ser, fazem-nos querer ter poder para parar tudo e ficar por ali, a pairar no tempo e a rir da inútil corrida dos relógios. As coisas quase perfeitas espreitam a nossa vida e fazem questão de vir enquanto caminhamos descansados na rotina.
As coisas quase perfeitas fazem-nos sentir vivos quando chegam de rompante e partem apressadas, e é por isso que este vazio que deixam, na imperfeição dos dias, vale a pena.
Se as coisas quase perfeitas fossem perfeitas, eu estava contigo...
... que agora está aqui para quem cometeu o sacrilégio de não ter estado no Sábado à noite, ou no Domingo de manhã agarradinho à telefonia, para ouvir o que a Isabel, de S. Brás de Alportel, tem para dizer ao mundo!
Muito obrigada meus amigos pelas empáticas mensagens de apoio, e pelos pitafes (não, até agora não censurei nenhum).
E especialmente, muito obrigada à Rádio Comercial, e em especial à produtora do programa Ana Margarida Carmo (com ascendência directa sambrasense) pelo excelente trabalho, pelos minutos de glória que me proporcionaram e, acima de tudo, por terem levado a palavra "pipilândia" às ondas do éter.
Foi esquisito ao início, mas como diz o povo, primeiro estranha-se, depois entranha-se. E assim aconteceu!
Sim, amanhã às 21h, com repetição no domingo às 9h da matina, e depois, uma semana inteirinha no site da Rádio Comercial.
Este meu recanto das apoquentações e dos pitafes vai estar este fim-de-semana no programa da Rádio Comercial "O meu blog dava um programa de rádio".
Aqui a progenitora do espaço está num misto de entusiasmo e nervosismo. Ouvir textos meus na rádio deve soar tão ou mais esquisito do que quando oiço a minha voz gravada num qualquer dispositivo sonoro.
Mas que estou muitíssimo orgulhosa, lá isso estou!
E fico à espera dos vossos comentários... perdão, pitafes! Mas como os tenho moderados, aviso já que só aprovo os positivos.
:)