Há pessoas que fazem parte da infância e que, quando voltam, trazem aquele sabor das férias grandes, vividas intensamente, entre tardes intermináveis dentro de água, os jogos de cartas, as noites dormidas na varanda ou a apanha da alfarroba, que durava mais ou menos 2 dias.
A casa dos meus pais sempre teve todas as portas abertas, e a minha família é grande, embora seja por vezes difícil perceber as relações que nos unem e os apêndices que, não sendo efectivamente da família, são. Já tive oportunidade de falar da sazonalidade que assombra quem mora no Algarve e cá permanece durante as férias grandes. De repente temos a casa cheia, mas ainda mais de repente, a casa fica vazia e o coração ressente-se com mais uma partida.
Mas há sempre um regresso, por mais que o tempo trate de modificar as rotinas das férias, e há a nostalgia das lembranças, a saudade dos tempos passados, em que não havia nada mais importante do que montar uma barraca em cima da varanda e lá dormir, para enganar o calor; em que o nosso relógio biológico era comandado pela permissão para ir para dentro de água; em que falávamos, e ríamos, e brincávamos, e caímos, e levantavamo-nos... e tudo era bom, puro e verdadeiro.